Assassin’s Creed Valhalla é mais um capítulo na longa e transformadora trajetória da franquia da Ubisoft. Após o sucesso de Origins e Odyssey, que já haviam se distanciado do stealth clássico da série, Valhalla mergulha de cabeça na cultura viking, entregando um RPG de ação robusto… mas que, infelizmente, parece ter deixado para trás a essência de Assassin’s Creed.

Apesar de sua ambientação impressionante e gráficos belíssimos, o game se perde em uma jogabilidade repetitiva, uma narrativa arrastada e um foco excessivo em combate brutal, que pouco lembra as origens da série.

Valhalla é um espetáculo visual e a recriação da Inglaterra do século IX é primorosa, com campos verdejantes, vilarejos rústicos e fortalezas imponentes junto com as incursões vikings são visualmente impactantes, e os detalhes de construção de mundo mostram o capricho da Ubisoft.

A trilha sonora também merece destaque, com composições atmosféricas que combinam perfeitamente com o tom épico das jornadas de Eivor, seja navegando em um drakkar ou invadindo um mosteiro.

Mas embora tecnicamente bem executado, Assassin’s Creed Valhalla parece ter esquecido o que fez da franquia um sucesso. O stealth que era marca registrada da série, é quase opcional, e as missões de assassinato silencioso são raras ou mal desenvolvidas. Em vez disso, o foco está nas invasões abertas, combates brutais com machados e espadas, e batalhas campais que, embora intensas, logo se tornam repetitivas.

Eivor, o(a) protagonista viking, é um(a) guerreiro(a) carismático(a), mas está muito mais preocupado(a) em conquistar territórios e estabelecer alianças do que em eliminar alvos discretamente. A figura clássica do “assassino” foi substituída por um líder militar, deixando a identidade da franquia diluída.

assassins creed valhalla


A narrativa de Assassin’s Creed Valhalla sofre de um problema grave: que é a extensão excessiva. A campanha principal se arrasta por dezenas de horas, com tramas políticas e alianças territoriais que nem sempre são envolventes. A motivação central de Eivor carece de peso emocional e as missões secundárias, embora algumas interessantes, rapidamente se tornam mais do mesmo. A estrutura do jogo é baseada em conquistar regiões da Inglaterra, e essa repetição de: chegar, formar aliança, eliminar ameaça, repetir… logo se torna cansativa.


Desde Origins, a Ubisoft vem transformando Assassin’s Creed em um RPG de ação, e Valhalla é a culminação disso. Árvore de habilidades imensa, equipamentos customizáveis, exploração livre… mas toda essa liberdade esbarra no mesmo problema: atividades repetitivas.

As incursões vikings, inicialmente empolgantes, perdem impacto quando percebemos que a maioria dos acampamentos seguem a mesma estrutura: invadir, matar, pilhar, repetir. A falta de variedade nas mecânicas e nas estratégias reforça a sensação de que o jogo estica sua duração artificialmente.

Assassin’s Creed Valhalla é um game tecnicamente competente e visualmente deslumbrante, mas, para quem busca a essência que fez a franquia ser o que é, a decepção é inevitável. É um jogo de vikings, com um foco em ação e conquista, mas que se distancia demais do stealth e da filosofia do Credo.

Se você quer um RPG de mundo aberto com batalhas épicas e muitas horas de exploração, vai encontrar aqui um prato cheio. Mas, se busca um Assassin’s Creed tradicional, com planejamento silencioso, parkour e a velha luta contra os Templários… talvez seja melhor olhar para trás, para os jogos que consagraram a série.

Confira a nossa gameplay de Assassin’s Creed Valhalla