Thunderbolts* é, sem dúvida, um dos filmes mais surpreendentes da nova fase do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Após muitos filmes com problemas de enredo e com baixa aceitação de critica e publico, o estúdio parece ter reencontrado o equilíbrio entre ação, humor e profundidade emocional, apostando em personagens moralmente ambíguos, mas extremamente cativantes.

Sinopse Thunderbolts*


Em Thunderbolts, uma equipe improvável de anti-heróis e ex-vilões é recrutada pela enigmática diretora da CIA, Valentina Allegra de Fontaine, para uma missão altamente perigosa e, ao que tudo indica, um tanto quanto suicida. O time é formado por Yelena Belova, Bucky Barnes (o Soldado Invernal), Guardião Vermelho, Fantasma, Treinadora e John Walker (o Agente Americano). Cada um deles carrega cicatrizes profundas e um passado que os assombra, mas agora precisam se unir para cumprir um plano do governo que, obviamente, esconde intenções questionáveis.

O filme se destaca ao explorar não apenas as cenas de ação, mas também o lado humano de cada personagem, revelando traumas, dilemas e fragilidades. No fundo, todos são peões numa trama maior, usados pela máquina governamental como ferramentas descartáveis.


O grande trunfo de Thunderbolts está no elenco e na química entre os personagens. Yelena Belova, vivida novamente por Florence Pugh, é o coração emocional do grupo, com seu humor ácido e seu jeito desajeitado, mas sempre letal. Sua relação com o Guardião Vermelho (David Harbour) rende ótimos momentos de alívio cômico e afeto sincero, aprofundando a dinâmica familiar que já havia sido apresentada em Viúva Negra.

Ava Starr, a Fantasma, é uma das personagens mais bem desenvolvidas aqui, ganhando uma redenção merecida após sua breve participação em Homem-Formiga e a Vespa. Sua luta interna entre o dever e o desejo de finalmente ter uma vida normal é um dos pontos altos da narrativa.

John Walker e Treinadora trazem à tona a brutalidade e a ambiguidade moral que permeiam o grupo. Walker, interpretado com intensidade por Wyatt Russell, é o símbolo do fracasso do ideal de “Capitão América”, um homem que quer fazer o certo, mas é constantemente levado por seus impulsos violentos. Já Treinadora impressiona com sua fisicalidade e frieza, sendo a personificação das consequências de anos de manipulação e abuso.

E, claro, Bucky Barnes, sempre carismático e melancólico, funciona como uma espécie de bússola moral para o grupo, mesmo ainda lidando com os fantasmas de seu passado como o Soldado Invernal.

Finalmente um enredo inteligente e provocativo


Thunderbolts segue muitos dos padrões estabelecidos pelo MCU, como piadas bem colocadas, cenas de ação frenéticas, grandes reviravoltas e um vilão oculto com planos mirabolantes. Mas aqui, tudo soa mais maduro e coeso. A trama não finge que esses personagens são heróis; ao contrário, abraça totalmente sua condição de desajustados, criando uma narrativa sobre redenção, manipulação e o peso das escolhas.

O roteiro é inteligente ao não transformar a missão em uma simples luta do bem contra o mal, mas em um dilema ético: será que os fins justificam os meios? Será que esses personagens, antes vilões, podem se redimir e até, quem sabe, se tornarem os “Novos Vingadores”?

A direção também merece elogios, com sequências de ação muito bem coreografadas e um tom mais sóbrio e violento, mas sem perder o humor característico da franquia.

Depois de algumas produções que dividiram a crítica e o público, Thunderbolts* surge como um sinal claro de que a Marvel ainda sabe como criar histórias empolgantes e personagens cativantes. O filme entrega o que promete: ação de primeira, personagens complexos e um enredo que, mesmo familiar, é conduzido com competência e energia.

É uma obra que valoriza os coadjuvantes, dá espaço para que brilhem e amplia o leque narrativo do MCU para além dos super-heróis tradicionais. Aqui, não há deuses ou gênios bilionários, há pessoas quebradas, tentando encontrar um propósito.

Thunderbolts* é um filme que respira novidade dentro do familiar, com personagens que o público já conhece, mas que aqui ganham novas camadas. É um daqueles casos raros onde o MCU consegue ser divertido, emocional e provocativo ao mesmo tempo.